As origens do atual distrito de guaranilândia remontam aos primórdios do século XIX, quando a coroa Portuguesa incentivou a ocupação da bacia do Jequitinhonha, com o objetivo de impedir o contrabando de ouro e diamante extraídos na região.
Em 1811, um contingente de militares comandado pelo ALFERES JULIÃO FERNANDES instala, na confluência do Córrego São Miguel, atual cidade de Jequitinhonha, à qual pertence o distrito de Guaranilândia. Fundam ainda os quartéis da Água Branca (atual Joaima), da vigia (Almenara), e do Salto Grande (Salto da Divisa).
Segundo descrição de Saint-hilarie, cientista europeu que percorreu o Vale do Jequitinhonha em 1817, essa região era belíssima: O rio de águas cristalinas, além dos cobiçados minerais, tinha fauna e flora riquíssimas – abundância de peixes, incontáveis espécimes de animais e imensas florestas, habitadas pelos ÍNDIOS MAXAKALI, MALALI,MAKUNI, MONOXÓ E BOTOCUDOS, DENTRE OUTRS ETNIAS.
Junto com os militares vieram levas de colonizadores e a guerra contra os índios é intensificada. As suas terras foram sendo ocupadas, à custa de muito sangue derramado. Torturas, prisões, estupros, doenças e trabalho escravo dizimam a maioria dos indígenas.
Os MAXAKALI, aldeados na Ilha do Pão de 1817 à 1860, foram a ALDEIA DO FARRANCHO, atual Guaranilândia, em 1818, na confluência do Córrego dos Prates. Aí permanecem até 1972. Parte dos índios foge para as cabeceiras do Rio Itanhém, em 1868, quando a Aldeia de Farrancho é invadida por 40 fazendeiros.
O atual distrito de Guaranilândia, como a maioria das cidades brasileiras, nasceu desse confronto entre índios e colonizadores. Ao longo dos anos, o povoado conheceu períodos de grande desenvolvimento econômico, com aberturas de frente agro pastoris. Possui fábrica de laticínios e ate um cartório. Com o empobrecimento de toda a região, milhares de pessoas migraram para grandes centros urbanos do centro sul do país a população do Distrito decresceu, ao ponto de existiram hoje apenas 600 pesssoas, a maioria velhos e crianças. Alguns sobrevivem das pessoas , a maioria da minguada aposentadoria rural. Muitos se dedicam a agricultura de subsistência nas margens do a Rio Jequitinhonha e nas terras dos fazendeiros das cidades de Almenara e Jequitinhonha.
Apesar da pobreza econômica, os moradores da antiga Aldeia do Farrancho trazem no corpo e no espírita a influencia da miscigenação indígena , européia e africana . São caboclos no tipo físico,nos folguedos e nos costumes. Ainda hoje as mulheres de Guaranilândia são reconhecidas pela habilidade em fazer cerâmica utilitária (panela,vazos,, jarros), herança do Maxakali, como testemunhou Saint – Hilarie.
O objetivo deste projeto, através do Ateliê ´´ALDEIAMUND´´, é estimular a comunidade na preservação e desenvolvimento das atividades artísticas artesanais,como forma de geração de renda, educação ambiental e cidadania.
*Texto elaborado pelo psicólogo e compositor Carlos Augusto Farias.
Bibliografia:
Álvares, M. M. – 1992 – ‘’YAMÎY, Os espíritos do canto: A construção da Pessoa na Sociedade Maxakali´´. Tese de mestrado apresentada a UNICAMP – Campinas, (mimeo).
CIMI LESTE / CEDEFES – Apostila da campanha Internacional pela Reintegração das Terras Maxakali, 1995.
PARAISO, M. H. B. – 1992 – Laudo Antropológico, realizado pelo grupo de trabalho . FUNAI , Gov. Valadares.
SAINT – HILAIRE, A. – 1975 - ´´Viagens pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais´´. São Paulo: Universidade de São Paulo.
Um comentário:
Esse texto carece de algumas correções ortográficas e atualização histórica. No mais, viva a arte de Magela Albuquerque e do povo de Guaranilândia!
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