20 ANOS DO VIGIA DO VALE
N. 788 ALMENARA; 15 DE AGOSTO DE 2000
N. 788 ALMENARA; 15 DE AGOSTO DE 2000
MAGELA ALBUQUERQUE – ATELIÊ ALDEIAMUND
ESTAR EM MINAS GERAIS
A convite da artista Maria Amélia Guimarães fui a cidade de Jequitinhonha. E, a noite visitamos a casa, ateliê do artista, no distrito de Guaranilândia, onde comemos galinha com arroz e conversamos sobre arte. Geraldo Magela fez uma casa na margem do rio Jequitinhonha para morar e entregar-se livre da perturbação e humilhação dos centros urbanos á arte e seus devaneios. Constrói sua casa ateliê e seu sonho como pode. Afinal, qual é o sonho de Geraldo Magela? Enquanto o sol ilumina as águas do rio , Geraldo Magela caminha descalço pelas margens do rio recolhendo tudo que encontra: cacos de louça, pedaços de azulejos,telhas,pedras, faróis de carro, concha de marisco, lâmpadas queimadas e gamelas. Ao entrarmos, num pequeno quarto da casa vir um altar composto de oratórios remendados com pedaços de lata enferrujadas e velas acesas, chorei porque encontrei a morte a vida. Ante os santinhos tive uma sensação – de plantar-me no umbral de um segredo revelado que me enlatará com um todo ou completo – Chama–se unidade do existente – a traves da contemplação – falar do rio que está morrendo. Mas o que é compreender a gamela morta com curativos de lata enferrujada que ganham vida como oratório? Geraldo Magela é um artista sensorial distante da cor da forma e da textura seus sentidos concentram se nas águas do rio . Um artista orgânico. Os objetos possuem vários contrastes , não se amolda a modelos europeus que aprisionam a obra de arte contemporânea. A força da gamela ´´Reencontro com Deus´´, está nos ícones que são pequenos manifestos em defesa da vida. O universo de Geraldo Magela é democrático e igualitário.
Ele coletou objetos diferentes sem viajar, porque a água do rio trouxe para a margem do rio que atravessa sua vida e sua casa ateliê. Enquanto a s vela iluminavam os santinhos que ganham vida dentro das gamelas, eu pensava: de onde veio esta gamela ? a quem pertenceu esta gamela , com muito capricho e paciência , Geraldo magela montou com fragmentos de vida s para declarar AMOR A VIDA . o resultado é um a obra envolvente, provocante , densa e cheia de sentimento.Volto agora os olhos a gamela ´´reencontro com deus´´, onde Geraldo faz um antigo tema iconográfico, no que São Francisco de Assis decursa a aves no campo . Em Assis, Giotto também representou esta cena .Mas no oratório –gamela de Geraldo Magela vemos a figura recortadas pela ferrugem . Qualquer artista que deixa sua mão mergulhar na água do Jequitinhonha , pergunta : A mão que desenha na água. Perde seu traço para peixinhos que resistam a degradação do homem pelo conteúdo - esse traço é uma denúncia. Como o santo que conversa com a s aves, o artista ler em meio desse dilema, agora na obra recente de a Geraldo Magela, uma gamela viajou pelas águas do rio par voltar ser à VIDA. essa experiência estética do objeto utilitário que ressuscitou para ser arte. Arte e seu reflexo, a arte e sua obra , a arte entre os objetos , a arte nunca vista, a arte mental. Isso somado ao universo oferece a nossa compreensão. A água que transporta fragmentos da vida- todo tempo estamos na origem do tempo. Então afirmar que aquele que reencontrar com deus nas gamelas de Geraldo Magela poderão conversa com os peixinhos do Rio Jequitinhonha. O sonho de Geraldo magela é transformar sua casa onde o artista do vale possa habitar sua própria obra e de mostrar com as obras que a região do Vale também sabe fazer essa coisa que a grande metrópole chama de arte´´
FAOP
FUNDAÇÃO DE ARTE DE OURO PRETO.
Prof. Magno Reis
OURO PRETO-MG-BRASIL
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